quarta-feira, 5 de maio de 2021

Espólio

Retirando pedaços da própria carne enquanto raciocina o próximo ato.
Atraindo pecados como um ímã, que alimenta as almas famintas.
Drenando energia, queimando o doce diluído em sangue imaculado.
Regurgitando e engolindo as palavras, dia após noite.
Sendo consumido pelas próprias chamas, como a fênix.
Sucumbindo em autoflagelo, castigo por não negar demais.
Prendendo e liberando o ar vital, em ritmo frenético de batalha.
Destruindo as barreiras da redoma, por mera influência do contexto.
Encontrando aquilo que mais se abomina, no que restou de si mesmo.
Perdendo o tempo, o perfume das rosas e o significado das próprias palavras.
Exalando um odor visceral, que marca a memória como uma brasa ardente.
Deixando sonhos idealizados em suspensão, desenganados pela rotina ofuscante.