terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Os cupins

Degenerando carcaças eu os encontrei.
Repartindo em migalhas, em milhares de fragmentos o sólido.
Retorcendo. Ingerindo por dentro, às escondidas.

Não adianta veneno para detê-los, eles sempre retornam.
São fortes, são muitos e alimentam-se da sua sorte.
Consomem a vida como um fogo ardente.
Corrompem o lacre estéril do crepúsculo.

Na vidraça opaca, nas teias, lá estão.
Ao rotacionar o pescoço posso vê-los claramente.
Através da chuva, do respingo d'água em sentido cruzado.
Deixam suas asas membranáceas em todo lugar.

As teias crescem, os aracnídeos aparecem.
O dia termina e alimenta uma resolução.
O som das pedras, em contrapartida, tentativa de reverter esse processo.
As plantas murchas: decomposição tardia de um evento irreversível.

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