quarta-feira, 9 de junho de 2010

Gaveta

De cima para baixo é a terceira. De baixo para cima é a segunda. Da direita para a esquerda é a primeira. E mais uma vez é a terceira da esquerda para a direita.
Em meio a potes velhos de biscoitos amanteigados, pulseiras gastas de eventos passados, revistas antigas que exalam esporos de fungos alucinógenos, há uma carteira velha, esquecida entre revistas, cordões e panfletos de cursos de memorização.

A gaveta é o baú dos tempos modernos. Abrir é muito fácil, mas fechá-la é quase impossível. É como se uma forte ventania espanasse a sua mente e só deixasse as lembranças. Uma ressureição dos mortos, uma vida eterna. Amém.

É tão difícil perceber que coisas ficaram incompletas, que erros foram cometidos e não foram corrigidos devidamente. É ruim perceber que não foi dito o que deveria ter sido falado para a pessoa correta, que passou e nunca mais se viu. Péssimo é notar que o tempo passou e passa e em instantes tudo ficará ali, arquivado, armazenado silenciosamente na gaveta. O pior de tudo é certamente notar que não há mais como recuperar o inteiro de um fragmento que ficou ali guardado, no fundo da gaveta, cada vez mais cheia pelos anos.

Um comentário:

Unknown disse...

que reviravolta...vc começa a ler...
e de repente cada metáfora e conclusões...fiquei tocado com isso...com esses arquivos da vida...estes semi-completos acontecimentos...muito bom, mah!!!