No meio do oceano a minha mente flutua perdida entre as ondas.
A maré sobe cada vez mais e meu fôlego torna-se cada vez mais curto.
Bolhas de ar alcançam a superfície fria do mar e recitam palavras vazias.
Eu só queria uma roupa de mergulho decente, daquelas que facilitam o nado.
Um par de pés de pato novinhos e uma bala de oxigênio para respirar.
Não me recordo bem, mas acho que minha inspiração ficou aqui em algum lugar.
Talvez em um baú velho, roubado pela Carmen Sandiego e escondido numa ilha deserta ou no fundo do oceano.
Quem sabe meu último suspiro ficou guardado numa concha.
Meu ar armazenado na grande boca da baleia ou retido entre as escamas do rabo da sereia.
Na verdade eu não sou um mergulhador, não sou um navegador nem um pescador que capturou a minha inspiração e deu para o seu amor.
Como um sonhador acordado continuo a procurar meu fôlego no meio das estrelas.
Um último suspiro escondido entre as nuvens noturnas cinzentas e frágeis.
A expiração melancólica que ecoa no vento em tom sonoro e rude em busca de sua inspiração.
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