sábado, 27 de dezembro de 2008

Predito

Eu podia ter estragado o teu susto.
Eu já conhecia o silêncio repentino atrás da porta.
Lembrava de quando eu fazia a mesma coisa em vão.
Uma demora inesperada sempre acabava com a surpresa.
Preferi, naquele instante, fingir que não sabia da tocaia.
Fingir que ao abrir a porta seria pego de surpresa.

Será que enganei você?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Memória natalina

O Natal há algum tempo me parece morno.
Não há, enigmaticamente, o mesmo entusiasmo de outrora.
Talvez a culpa esteja em mim, um ser mais obtuso a cada ano que passa.
Na realidade acho mesmo é que tudo ficou mais consciente, mais racionalizado.
Só porque não se escrevem mais cartas não significa que não será mais correspondido.
É a saudade dos embrulhos barulhentos tocando os pés na madrugada.
Da ansiedade pelo chegar do dia, sinônimo de hora de acordar e abrir os presentes.
Pedaços de uma memória infantil ainda muito viva.

Peço perdão se estiver proferindo alguma bobagem
e agradeço por todas as felicidades.
Por passar o Natal da melhor maneira possível, do lado do que é essencial de verdade.
Agradecendo sempre e buscando acertar ao máximo.
Amém.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Rede.nção

O céu estava realmente azul. A deitar numa rede, o olhar direcionado para a janela aberta, perdia o foco de visão ao brincar com as nuvens. Nuvens brancas, bem flocadas e de aparência macia, empurradas pelo vento que soprava forte, emitindo ramos de ar. Ramos que deslizavam pelo rosto da criança.
O Sol não se fazia presente na paisagem. Havia, mas ficava omisso. Recolhia-se no outro canto do alto: a gênese do azul celeste. Um azul que traz uma paz espiritual inexplicável. Uma esfera de lápis-lazúli aterrissada no oceano. O calmo, o mais puro vazio de imaginação.
A rede balançava cadenciada. Um dia só, uma tarde de domingo a começar. Som de folhas das árvores desafiadas pela brisa intensa. Pássaros a cantar as mesmas canções inéditas. Repolhos roxos guardados na geladeira velha.
Observa a vida passar. Nota que a Terra está girando. Dorme até sonhar. Desperta em um suspiro. Algum tempo depois relembraria o dia em que tudo parou no azul do céu, daquela rede.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Atropeladamente

FS USDUSVS WKHWJS G KWESXGJG XAUSJ NWJEWDZG.
WKHWJS HGJIMW GK USJJGK WKLSG NAFVG HWDS WKIMWJVS, NAJSFVG FS JMS W HSKKSFVG FS XJWFLW.
SYMSJVS SDYMFK AFKLSFLWK UGE SK DWFLWK WETSUSVSK, GUMDGK SFLAYGK VGMJSVGK.
VWKUWJS VG USJJG VW GMLJWE KWE EMALG KMHGJLW W SLJSNWKKSNS SNWFAVSK VWKHJGLWYAVG.
USEAFZSNS VWKHJWHSJSVG HSJS G EMFVG, DANJW VW ESGK.
SYMSJVS G KAFSD NWJEWDZG AEHSUAWFLW.
SYMSJVS, SYMSJVS, SYMSJVS, SYMSJVS, SYMSJVS...
FG VWKNAG VW DMR HGDSJARSVS HGW G HW FS JMS. IMW WKLMHAVG!
UGEG HGVW SDYMWE LSG "AFLWDAYWFLW" XSRWJ AKKG?
G KWESXGJG EWFGK HWJAYGKG WKLSNS NWJEWDZG, HGJWE G VWKLJMAVGJ VW NAVSK SUSTSNS VW LGJFSJ-KW NWJVW.
UGEG HGVW SNSFUSJ SKKAE?
USEAFZGM SDYMFK HSKKGK, FGLGM TSJMDZGK, TMRAFSK VW EGLG.
ME MLADALSJAG AEHGJLSVG UGJ-VW-NWDZG XGA S MDLAES UGAKS IMW NAM.
JWUMGM, HMPGM VG TGDKG G UWDMDSJ. SDG? FAFYMWE WKLSNS DAYSFVG FSIMWDW EGEWFLG.
ME JWXDWPG VW VWKHJWHSJG XAKAUG W EWFLSD. XMYAFVG VS SKFWAJS LGPAUS.
S ESFVATMDS WKLSNS SRWVS, SKHWJS, LJWEMDSFLW W XGJEAYSFVG.
ZS? GK GMLJGK USJJGK VARWFVG: JAVAUMDG. IMSKW EGJJW.
KAFSD HWJAYGKG NWJEWDZG. UGJJWM. WKUSHGM VGK USJJGK IMW NAJSNSE JSHAVG HGJ KMS WKIMWJVS.
VG GMLJG DSVG WFUGFLJGM KWYMJSFUS. SDANAG. KGJLW?
WKLSNS NANG, FWFZMES HSJLW VG UGJHG VGAS.
SDYMWE WKLSNS S GDZSJ HGJ WDW FSIMWDW KWYMFVG-DAEALW.

César, 18.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Dust'ornado

Nas pupilas negras havia um filtro.
Um filtro que funcionava até pouco antes da cena de número dois.

É incrível como o veneno dissipa veloz.
Contamina as guloseimas pueris.
Constrói castelos por cima dos casebres humildes.
Sufoca a alma, alcança um falso nirvana.

Na tentativa de lapidar um grão de areia, sufoca-se.
Perde-se o controle da situação.
Adquire-se a desprezada satisfação pelo vil.
E o lençol incolor da loucura cobre a bolsa de valores.

Dust'ornado.
It's time to move on the palettes.
Uma mosca nojenta fez visita às dez e meia.
Um círculo de vidro cai no chão ali em cima.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Invés

É estranho comparar a visão do mundo de dentro para fora com aquele de fora para dentro.
Em ambos os casos notamos a existência de algo positivo na vida e também do que há de mais sombrio e negativo.
Interessante analisar como o homem, assim como um iglu, consegue ser tão frio por fora e queimar por dentro.
Consegue ser o contrário, exteriorizar um grande calor, apesar de estar congelado internamente.

Joga-se em um grande jogo de sorte, ou quem sabe, azar.
Aposta aquele que for suficientemente corajoso.
Sobrevive o mais apto; não é aquele que pensa muito, muito menos o que age demais.
Sobrevive aquele que busca a resposta e responde a pergunta.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Calor

O calor dessa época do ano está tirando a paciência de qualquer um.
Enquanto chove em SC, aqui fica cada dia mais quente.
Espero que haja um rebalanceamento de equações nesse sentido.
Ô calor da peste!