O céu estava realmente azul. A deitar numa rede, o olhar direcionado para a janela aberta, perdia o foco de visão ao brincar com as nuvens. Nuvens brancas, bem flocadas e de aparência macia, empurradas pelo vento que soprava forte, emitindo ramos de ar. Ramos que deslizavam pelo rosto da criança.
O Sol não se fazia presente na paisagem. Havia, mas ficava omisso. Recolhia-se no outro canto do alto: a gênese do azul celeste. Um azul que traz uma paz espiritual inexplicável. Uma esfera de lápis-lazúli aterrissada no oceano. O calmo, o mais puro vazio de imaginação.
A rede balançava cadenciada. Um dia só, uma tarde de domingo a começar. Som de folhas das árvores desafiadas pela brisa intensa. Pássaros a cantar as mesmas canções inéditas. Repolhos roxos guardados na geladeira velha.
Observa a vida passar. Nota que a Terra está girando. Dorme até sonhar. Desperta em um suspiro. Algum tempo depois relembraria o dia em que tudo parou no azul do céu, daquela rede.
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