quarta-feira, 29 de maio de 2019

Anedonia

Como um robô seguindo um trajeto em linha reta, por programação.
Modo automático, calculado para não errar.
Sem afeto, um objeto concreto criado por puro intelecto.
Matemática bruta, zero e um em caracteres pretos numa tela branca.
Não tem cor nem odor nem sabor nem calor.
Silêncio numa avenida barulhenta, planos deixados no papel.
Não dói, não cai, não faz, não pensa, mas continua.
Estátua móvel, fragmento de vidro caído ao chão em milhares de cacos.
Paleta de tons de cinza, passado que rumina, explosão de adrenalina.
Não é arte, não é gourmet, não é nada demais.
Entre o real e o fictício, entre a sombra e o que a define.
Um tanto faz vagante, pilastra grega que insiste em estar de pé ao amanhecer.

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