terça-feira, 30 de julho de 2019

Furor

Há espinhos invisíveis ao seu lado, alfinetes ao seu toque.
Um silêncio agressivo, uma palavra doce envenenada.
É como se o ritmo das coisas estivesse acelerado.
Não há tempo de impedir o que está para acontecer.
Há fumaça num vulcão em erupção, e cinzas à sua volta.
Um meteoro e a cratera que se abre no colapso.
As cicatrizes na pele e a kintsukuroi na porcelana.
Há vontade de gritar até quebrar os vidros das janelas.
Bater a porta com toda a força do mundo e não abri-la (nunca) mais.
Enterrar o rosto nas almofadas macias de outrora e rasgá-las com os dentes.
Respirar em sintonia com os batimentos cardíacos.
Há penas, pelos, papéis, perfumes, pós.
O bem sendo mal, o mau sendo bom.
Um prazer agressivo seguido de culpa e de relaxamento.

Nenhum comentário: