domingo, 16 de novembro de 2008

Brumas vazias

A bruma lúcida cobria a paisagem que era vista da janela de sua casa. Acordou cedo naquele dia com o intuito de caminhar pelo campo, observar o Sol nascer naquelas terras ainda tão naturais. Fixou o olhar na janela, mas não conseguia ver nada além de uma espessa névoa que tendia a ficar mais densa e turva. Tinha uma cor azul-acinzentada que remetia o silêncio, a solidão, o completo estado de isolamento e mudez.
Indagou internamente. O que poderia estar acontecendo naquele dia misterioso, seria o fim dos tempos? O Sol parecia não querer surgir no horizonte e o ar de baixa temperatura insistia em residir em torno de seu corpo, de sua mente e de sua alma. Apesar da aparente sensação de frio, a chama verde continuava a inflamar a área mais profunda de seu poço interior.
Curioso, resolveu sair da casa e sentir aquela cerração percorrer sua pele, entrar em seus pulmões e invadir lentamente suas entranhas. O ar cinzento não era gelado, o tato captava apenas uma sensação neutra, um percorrer de partículas em várias direções.
A névoa intensa cobria lentamente seus pés, suas pernas, seu tronco, seus braços e finalmente suas mãos. Os olhos não viam nada além da turva formação gasosa. Uma pontada de desespero surgia, a sensação de estar correndo pareceu presente, entretanto não se via movimento, tudo permanecia azul quase cinza. A perda da visão o fez deparar-se com um novo tipo de realidade, um lugar esquizóide ou esquisito, que ao mesmo tempo que parecia ser monótono e monocolor era repleto de conflitos, angústias e temores.
No primeiro raio de luz vindo do leste, a bruma turva estremeceu e sumiu. Ela era, afinal, demasiado frágil. Ele tinha, agora, mais questionamentos a fazer, por isso seguiu caminhando pelo campo.

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