Eu quis te criar, moldar, lapidar para depois te devorar.
Tu não passas de una trufita maledita que desmancha na palma da mão.
Tu grudas nos dedos, induz o figueredo a excretar mais bile para te emulsificar.
Te comprei os ingredientes, li e reli tua receita, mas tu não me quis.
Por que tu degeneras antes do tempo?
Por que tu não ficas firme diante das intempéries?
Por que tu és tão... Deliciosamente deliciosa?
Se tu não querias existir, por que despertaste o desejo em outrem?
Tua casca é meio amarga, teu recheio é puro doce.
Tu és sinuosa, um mistério indecifrável.
É isso que te tornas uma contradição em preto e branco.
Um sabor genuinamente soberbo.
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