domingo, 26 de outubro de 2008

Espantalho na plantação

A luz branca corria pela estrada e o seguia em silêncio.
A estaca que segurava o espantalho estava ligeiramente fragilizada.
Enquanto uns sonhavam, outros não conseguiam sequer dormir. Não era insônia nem cansaço. Não era necessariamente o corpo em bagaço. Talvez fosse apenas um capricho do destino.
O espantalho envelhecia no Sol e na chuva. Não assustava mais nenhuma ave intrusa que ousadamente consumia o trigo em vez do joio.
Estava quase que completamente coberto pelas plantas. Perdia lentamente sua utilidade, sua lembrança e seu fôlego. O verde lentamente afogava sua palha queimada.
As idéias se perdiam na escuridão. A consciência do espantalho mudo desaparecia naquele instante noturno. As raízes das ervas daninhas invadim seu alicerce principal. Os fungos absorviam sua umidade e seu calor, manchando todo o seu corpo.
E assim, quem um dia espantava, agora era espantado.

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