sábado, 27 de dezembro de 2008

Predito

Eu podia ter estragado o teu susto.
Eu já conhecia o silêncio repentino atrás da porta.
Lembrava de quando eu fazia a mesma coisa em vão.
Uma demora inesperada sempre acabava com a surpresa.
Preferi, naquele instante, fingir que não sabia da tocaia.
Fingir que ao abrir a porta seria pego de surpresa.

Será que enganei você?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Memória natalina

O Natal há algum tempo me parece morno.
Não há, enigmaticamente, o mesmo entusiasmo de outrora.
Talvez a culpa esteja em mim, um ser mais obtuso a cada ano que passa.
Na realidade acho mesmo é que tudo ficou mais consciente, mais racionalizado.
Só porque não se escrevem mais cartas não significa que não será mais correspondido.
É a saudade dos embrulhos barulhentos tocando os pés na madrugada.
Da ansiedade pelo chegar do dia, sinônimo de hora de acordar e abrir os presentes.
Pedaços de uma memória infantil ainda muito viva.

Peço perdão se estiver proferindo alguma bobagem
e agradeço por todas as felicidades.
Por passar o Natal da melhor maneira possível, do lado do que é essencial de verdade.
Agradecendo sempre e buscando acertar ao máximo.
Amém.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Rede.nção

O céu estava realmente azul. A deitar numa rede, o olhar direcionado para a janela aberta, perdia o foco de visão ao brincar com as nuvens. Nuvens brancas, bem flocadas e de aparência macia, empurradas pelo vento que soprava forte, emitindo ramos de ar. Ramos que deslizavam pelo rosto da criança.
O Sol não se fazia presente na paisagem. Havia, mas ficava omisso. Recolhia-se no outro canto do alto: a gênese do azul celeste. Um azul que traz uma paz espiritual inexplicável. Uma esfera de lápis-lazúli aterrissada no oceano. O calmo, o mais puro vazio de imaginação.
A rede balançava cadenciada. Um dia só, uma tarde de domingo a começar. Som de folhas das árvores desafiadas pela brisa intensa. Pássaros a cantar as mesmas canções inéditas. Repolhos roxos guardados na geladeira velha.
Observa a vida passar. Nota que a Terra está girando. Dorme até sonhar. Desperta em um suspiro. Algum tempo depois relembraria o dia em que tudo parou no azul do céu, daquela rede.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Atropeladamente

FS USDUSVS WKHWJS G KWESXGJG XAUSJ NWJEWDZG.
WKHWJS HGJIMW GK USJJGK WKLSG NAFVG HWDS WKIMWJVS, NAJSFVG FS JMS W HSKKSFVG FS XJWFLW.
SYMSJVS SDYMFK AFKLSFLWK UGE SK DWFLWK WETSUSVSK, GUMDGK SFLAYGK VGMJSVGK.
VWKUWJS VG USJJG VW GMLJWE KWE EMALG KMHGJLW W SLJSNWKKSNS SNWFAVSK VWKHJGLWYAVG.
USEAFZSNS VWKHJWHSJSVG HSJS G EMFVG, DANJW VW ESGK.
SYMSJVS G KAFSD NWJEWDZG AEHSUAWFLW.
SYMSJVS, SYMSJVS, SYMSJVS, SYMSJVS, SYMSJVS...
FG VWKNAG VW DMR HGDSJARSVS HGW G HW FS JMS. IMW WKLMHAVG!
UGEG HGVW SDYMWE LSG "AFLWDAYWFLW" XSRWJ AKKG?
G KWESXGJG EWFGK HWJAYGKG WKLSNS NWJEWDZG, HGJWE G VWKLJMAVGJ VW NAVSK SUSTSNS VW LGJFSJ-KW NWJVW.
UGEG HGVW SNSFUSJ SKKAE?
USEAFZGM SDYMFK HSKKGK, FGLGM TSJMDZGK, TMRAFSK VW EGLG.
ME MLADALSJAG AEHGJLSVG UGJ-VW-NWDZG XGA S MDLAES UGAKS IMW NAM.
JWUMGM, HMPGM VG TGDKG G UWDMDSJ. SDG? FAFYMWE WKLSNS DAYSFVG FSIMWDW EGEWFLG.
ME JWXDWPG VW VWKHJWHSJG XAKAUG W EWFLSD. XMYAFVG VS SKFWAJS LGPAUS.
S ESFVATMDS WKLSNS SRWVS, SKHWJS, LJWEMDSFLW W XGJEAYSFVG.
ZS? GK GMLJGK USJJGK VARWFVG: JAVAUMDG. IMSKW EGJJW.
KAFSD HWJAYGKG NWJEWDZG. UGJJWM. WKUSHGM VGK USJJGK IMW NAJSNSE JSHAVG HGJ KMS WKIMWJVS.
VG GMLJG DSVG WFUGFLJGM KWYMJSFUS. SDANAG. KGJLW?
WKLSNS NANG, FWFZMES HSJLW VG UGJHG VGAS.
SDYMWE WKLSNS S GDZSJ HGJ WDW FSIMWDW KWYMFVG-DAEALW.

César, 18.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Dust'ornado

Nas pupilas negras havia um filtro.
Um filtro que funcionava até pouco antes da cena de número dois.

É incrível como o veneno dissipa veloz.
Contamina as guloseimas pueris.
Constrói castelos por cima dos casebres humildes.
Sufoca a alma, alcança um falso nirvana.

Na tentativa de lapidar um grão de areia, sufoca-se.
Perde-se o controle da situação.
Adquire-se a desprezada satisfação pelo vil.
E o lençol incolor da loucura cobre a bolsa de valores.

Dust'ornado.
It's time to move on the palettes.
Uma mosca nojenta fez visita às dez e meia.
Um círculo de vidro cai no chão ali em cima.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Invés

É estranho comparar a visão do mundo de dentro para fora com aquele de fora para dentro.
Em ambos os casos notamos a existência de algo positivo na vida e também do que há de mais sombrio e negativo.
Interessante analisar como o homem, assim como um iglu, consegue ser tão frio por fora e queimar por dentro.
Consegue ser o contrário, exteriorizar um grande calor, apesar de estar congelado internamente.

Joga-se em um grande jogo de sorte, ou quem sabe, azar.
Aposta aquele que for suficientemente corajoso.
Sobrevive o mais apto; não é aquele que pensa muito, muito menos o que age demais.
Sobrevive aquele que busca a resposta e responde a pergunta.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Calor

O calor dessa época do ano está tirando a paciência de qualquer um.
Enquanto chove em SC, aqui fica cada dia mais quente.
Espero que haja um rebalanceamento de equações nesse sentido.
Ô calor da peste!

domingo, 30 de novembro de 2008

Braço direito

Na vertical as formigas pareciam subir e devorar o braço erguido.
A carne ia sendo consumida no toque de mãos com a senhora.
Os pulsos perdiam a sensibilidade, as mãos o tato e suavam muito.
Queria sair daquela condição, entretanto ainda não era hora.
Deveria proferir mais algumas palavras até que o ritual estivesse terminado.
O braço esquerdo era mais forte, sem nenhuma explicação aparente.
Sobrevivia àquele movimento de força oposto à gravidade.
O direito sofria, doía e queimava.
Uma chama sem cor, sem cheiro, sem fogo ou fumaça.
Apesar de ser o mais exercitado, o mais competente para as habilidades manuais, ele sofria mais.
Era um formigamento doloroso, lento e grave.
O braço direito simulava que ia sucumbir, que os cinco dedos iriam deixar de compartilhar a mesma mão.
Aquele momento estava demorando muito para acabar, trinta segundos pareciam anos.
O braço tornava-se cansado, enfraquecido naquela posição de pressão.
Até que a última palavra foi proferida, um último aperto e as mãos são desenlaçadas.
Ao descer da posição em que estava, o braço esquerdo permanecia imutável.
Reto, imóvel, seco, com todas as suas sensibilidades organizadas, talvez até frígido como sempre fora.
Já o braço direito simulava a falta de oxigenação, os nervos disparando descargas e impulsos elétricos para fazê-lo reagir.
Ele suava, perdia os sentidos, queimava por dentro e não conseguia sair da posição tortuosa na qual se encontrava por alguns instantes.
De quem era a responsabilidade, o fluxo sangüíneo havia sido interrompido? A senhora apertou a mão direita com muita força? O braço havia sido erguido de mau jeito? Ou seria simplesmente um presságio?
As formigas finalmente estavam partindo, levando seu fogo-fátuo para bem longe.
O braço direito de curvo nocauteado, para reto vencedor.
Afinal ele ainda compartilhava os cinco dedos, todas as sensibilidades e tinha força suficiente para seguir saudável na vida.

É nessas horas que lembramos de um detalhe despercebido.
Será que meu braço direito faria falta a mim?
Sem ele acho que não saberia viver.
É ele que executa boa parte dos movimentos indispensáveis nessa vida.
Será que meu braço direito faria falta a você?
Quem sabe em algum instante da vida você necessite dos meus serviços...
O meu braço direito não é igual ao seu e nunca poderá ser substituído por outro, mesmo que você implore e tente.
O braço esquerdo nunca será igual ao braço direito. Diz-se N-U-N-C-A.
Não adianta tentar substituí-lo, seja jogando as funções de um no outro, seja comprando um braço mecânico.
É por isso que devemos valorizar muito o que temos de bom, do contrário podemos perder o que nos torna especial e atrativo para outro, sendo lentamente reduzidos ao pó.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Filme: Um grande garoto

"Nenhum homem é uma ilha".
aboutaboy (no inglês), 2002.

Bom filme, recomendo. :D

Bus/car revolver

Pela janela eu via o Sol na linha.
Pela janela eu via uma estrada curta, tortuosa e circular crescente.
Pela janela eu via carros escuros de vidro fumê.
Pela janela eu via um utilitário esportivo dando ré curiosamente.

I thought it, but no shots.
Scary time with strangers.
A baby sleeping, adults screaming.


Eram moleques com as mãos no gatilho.
Vítimas da pobreza ou pura safadeza?

Silence, nobody is seeing, saying and hearing it!

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Quebrando receitas

Quase no ponto, mas ainda não era a hora mais certa de retirar o pão do forno. O vapor d'água misturado com os gases da fermentação alcoólica embriagavam o fulano. Acertava todos os passos da receita, todavia algo ainda estava errado. O gosto do pão parecia inexplicavelmente incompleto, não correspondia com aquilo que diziam.
O tempo passava e o fulano não acertava a receita apesar de todos os dotes natos na Gastronomia. Sem desistir buscou um novo arranjo de ingredientes e criou seu próprio passo-a-passo. O problema não estava nele, o problema estava na receita criada por outrem para aquele pão. Ele não estava errando todo aquele tempo, estava acertando no sabor múltiplas vezes sem perceber a diferença do que era experimentado para o que era especulado.
Um bom chef de cozinha costuma não admirar os próprios pratos. E é nesse preceito onde está o grande erro. O sabor do pão é certamente algo deveras variável para aqueles que devoram. Esse é, entretanto, invariável para os outros que têm fome.

Um forte deja vu

Cadeira do computador, a tela piscando em frente.
O quarto fechado, ar-condicionado ligado deixando a temperatura ligeiramente fria.
Mom opens the door and ask me something that I can't remember now.
As persianas cinzentas cobriam as janelas em duas colunas idênticas.

Não lembro de mais minúcias.
Só sei que aquela cena já havia acontecido em um sonho, tenho certeza disso.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Segredo perdido no sonho

Eu havia descoberto um segredo de alguém quando um vulto tentou apagar minha memória com um flash de luz. Uma pessoa teria me passado o segredo antes de ser atingida por um dos raios de luz e ter os captado por seus olhos. Essa pessoa agora não lembrava de nenhum dos seus últimos minutos de vida e ainda tentava me prender naquele lugar. Fechei meus olhos e corri. O fantasma (ou o ser que fosse) tentou me seguir, disparando vários raios luminosos em minha direção quando pulei pela janela daquela espécie de apartamento escuro e sombrio. Era noite e a altura era de cerca de oito andares. Felizmente ao cair no pátio externo do edifício não quebrei nenhum osso e pude continuar a correr sem rumo, protegendo aquele segredo que naquele momento eu ainda sabia. O vulto continuava a me perseguir, sentia a presença, porém não o via. Se meus olhos captassem a luz daquele flash eu perderia a memória instantaneamente e o segredo (provavelmente algo prejudicial ao vulto) estaria novamente em posse exclusiva dele. Tentei transformar em palavras o mistério comprometedor e enviá-lo via celular para meu e-mail, para que caso o vulto me capturasse, eu poderia recuperar o segredo em outro momento. Infelizmente, as palavras me faltavam, não sabia como explicar aquele segredo de forma que um completo leigo pudesse compreendê-lo. Era algo complexo de mais para ser explicado em poucas palavras e o vulto continuava a me perseguir incessantemente, disparando flashs e mais flashs em todas as direções, esperando meu descuido, uma simples abertura de olhos para que tudo desaparecesse nas trevas.
Não lembro em que momento acordei do sonho. Tentei recordar: o que seria o tal segredo? Quem estava me seguindo em busca do seu segredo? Será que conseguiram disparar o raio de luz em meus olhos e apagar minha memória?
O sonho é uma proteção de tela cerebral? Por que ao acordar de um sonho esquecemos quase tudo que sonhamos?
Eu bem que deveria ter anotado o segredo na madrugada...

domingo, 16 de novembro de 2008

Mangá Fushigi Yuugi a 1 real

Encontrei hoje na VIII Bienal Internacional do Livro do Ceará várias edições de mangás da editora Conrad custando nada mais nada menos que 1 real!
Dentre os títulos a 1 real havia Blade, Vagabond, Dr. Slump e Fushigi Yuugi. Encontrei em um outro stand, mas custando 3 reais, edições de Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco e Slam Dunk. Achei também a 1 real uma ou outra edição de Ragnarok, Evangelion e Chonchu.
Consegui adquirir algumas edições de Fushigi Yuugi, só para completar a coleção. Espero poder ainda dar outra passada lá e ver se desembolso mais uma grana em outros títulos. :D

Brumas vazias

A bruma lúcida cobria a paisagem que era vista da janela de sua casa. Acordou cedo naquele dia com o intuito de caminhar pelo campo, observar o Sol nascer naquelas terras ainda tão naturais. Fixou o olhar na janela, mas não conseguia ver nada além de uma espessa névoa que tendia a ficar mais densa e turva. Tinha uma cor azul-acinzentada que remetia o silêncio, a solidão, o completo estado de isolamento e mudez.
Indagou internamente. O que poderia estar acontecendo naquele dia misterioso, seria o fim dos tempos? O Sol parecia não querer surgir no horizonte e o ar de baixa temperatura insistia em residir em torno de seu corpo, de sua mente e de sua alma. Apesar da aparente sensação de frio, a chama verde continuava a inflamar a área mais profunda de seu poço interior.
Curioso, resolveu sair da casa e sentir aquela cerração percorrer sua pele, entrar em seus pulmões e invadir lentamente suas entranhas. O ar cinzento não era gelado, o tato captava apenas uma sensação neutra, um percorrer de partículas em várias direções.
A névoa intensa cobria lentamente seus pés, suas pernas, seu tronco, seus braços e finalmente suas mãos. Os olhos não viam nada além da turva formação gasosa. Uma pontada de desespero surgia, a sensação de estar correndo pareceu presente, entretanto não se via movimento, tudo permanecia azul quase cinza. A perda da visão o fez deparar-se com um novo tipo de realidade, um lugar esquizóide ou esquisito, que ao mesmo tempo que parecia ser monótono e monocolor era repleto de conflitos, angústias e temores.
No primeiro raio de luz vindo do leste, a bruma turva estremeceu e sumiu. Ela era, afinal, demasiado frágil. Ele tinha, agora, mais questionamentos a fazer, por isso seguiu caminhando pelo campo.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Frost no blitz

An iceberg floating on the ocean.
Cold wind freezing the tears of the child.
Wishing to get right, but just getting wrong.
Cold eyes, cold hands, cold toes. Cold lies.
Slowly, raising an ice wall between the real and the illusion.
Disappearing into the haze.
Trying to stop the time, to frost the fire.
Ice cube mind. Icy mind club.
Melting dreams. Covering the touched surface with ice.
Lost in white. Buried by an avalanche. Blinded soul.
I think the blizzard is coming.
It's not your mistake, however lazy trees will not be forgiven.
If you don't have a coat to protect you, don't leave home in the winter.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Summon Night: Twin Age

Finalmente zerei esse incrível jogo do Nintendo DS!
Vai aí o trailer do jogo:

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Corvos

Centopéias caminham na terra morna da praça.
Do alto das árvores, vêem corvos.
Não é um, não são dois. Não são poucos, nem muitos.
Corvos pretos de bico oblíquo nos galhos do pau-brasil.
Aves negras a observar o pôr-do-sol no domingo.
Reles confiança. Sonho a flutuar em direção ao horizonte.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

La trufita maledita

Eu quis te criar, moldar, lapidar para depois te devorar.
Tu não passas de una trufita maledita que desmancha na palma da mão.
Tu grudas nos dedos, induz o figueredo a excretar mais bile para te emulsificar.
Te comprei os ingredientes, li e reli tua receita, mas tu não me quis.
Por que tu degeneras antes do tempo?
Por que tu não ficas firme diante das intempéries?
Por que tu és tão... Deliciosamente deliciosa?
Se tu não querias existir, por que despertaste o desejo em outrem?
Tua casca é meio amarga, teu recheio é puro doce.
Tu és sinuosa, um mistério indecifrável.
É isso que te tornas uma contradição em preto e branco.
Um sabor genuinamente soberbo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Alguns AMVs que fiz

Não estão muita coisa (afinal foram feitos com o Movie Maker em épocas remotas), mas deram algum trabalho para serem confeccionados. É bom recordar. :D

Anime: Tsubasa Chronicle
Música: Everywhere
Artista: Michelle Branch


Anime: X/1999
Música: One Last Breath
Artista: Creed


Anime: Devil May Cry
Música: Breakin' The Habit
Artista: Linkin' Park

domingo, 2 de novembro de 2008

Blasé

Não saía voz. O choro meloso estava claramente preso na face. Observava as caricaturas, a realidade era uma pintura surreal de Salvador Dali. Gostaria de ter dito algo, ao menos sibilado um som mudo, ter-se feito presente, eficaz.
Havia luz, existiam sorrisos e gracejos. O ambiente no qual estava inserido era extremamente agradável. O que era para ser errado fazia-se correto. O olhar turvo dos morcegos ficava ainda mais opaco, detendo-se nos espelhos retangulares. O universo conspirava para o sucesso e nada iria atrapalhar.
O querer contrastava com o ter; a turmalina era despedaçada pelo martelo de prata; a porcelana perdia espaço para o vidro; enquanto a ameixa era a última fruta a ser consumida.
No outro instante, o rosto no travesseiro. A máquina não reconhecia o disco. O corpo não reconhecia o braço.

Provérbio inglês

"Os dias mais perigosos de nossas vidas são o primeiro e o último".

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Na cadeira

O crime havia acontecido.
Havia escutado o suspeito dizendo: "Estou indo à casa da minha irmã".
A polícia me convocou para depor.
- Você ouviu alguma coisa que possa nos ajudar?
- Eu apenas o vi entrando em um taxi e dizendo ao taxista, após ser questionado, que iria para a casa de sua irmã.
- Entendo, mas já consultamos a irmã do suspeito e ele não foi à casa dela nesse dia.
- Pode ser precipitado o que vou dizer, mas no instante em que ele disse ao motorista do taxi que iria à casa da irmã passaram-se duas idéias na minha cabeça. Ou ele seria inocente demais para dar informações a um desconhecido ou ele queria que eu escutasse ele dizendo que iria à casa da irmã para que no momento do crime ele tivesse um álibe. Quem sabe o taxista também não está envolvido?

domingo, 26 de outubro de 2008

Espantalho na plantação

A luz branca corria pela estrada e o seguia em silêncio.
A estaca que segurava o espantalho estava ligeiramente fragilizada.
Enquanto uns sonhavam, outros não conseguiam sequer dormir. Não era insônia nem cansaço. Não era necessariamente o corpo em bagaço. Talvez fosse apenas um capricho do destino.
O espantalho envelhecia no Sol e na chuva. Não assustava mais nenhuma ave intrusa que ousadamente consumia o trigo em vez do joio.
Estava quase que completamente coberto pelas plantas. Perdia lentamente sua utilidade, sua lembrança e seu fôlego. O verde lentamente afogava sua palha queimada.
As idéias se perdiam na escuridão. A consciência do espantalho mudo desaparecia naquele instante noturno. As raízes das ervas daninhas invadim seu alicerce principal. Os fungos absorviam sua umidade e seu calor, manchando todo o seu corpo.
E assim, quem um dia espantava, agora era espantado.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Isso não foi intencional.
Começo a achar que as coisas não são por acaso.
"Não existem coincidências, existe apenas o inevitável" como profetizava Yuuko em seu hitsuzen.

Endeavour

Power down the speed to increase the attack.
Try to reach the sky, walk on the rainbow, try to find the pot full of gold.
Carefully, choose the right color before it turn white. Choose the right way. Choose the best option.
Mesmerizing yourself... The comet is going to hit strong.
Blazing, knocking, crying, lying.
Desire. Deny. Dust. Dry. Doom.
Foolish puppets deserve the garbage basket.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Hérnias inguinais ao molho rosé

Ingredientes:
2 hérnias inguinais (preferencialmente indiretas - com todas as fáscias espermáticas externas, cremastéricas, espermáticas internas, músculo cremaster e peritônio com uma alça bem gordinha de intestino delgado);
2 colheres de sopa de catchup;
1 colher de sopa de mostarda;
1 colher de sopa de limão;
Molho inglês a gosto;
200g de maionese light.

Modo de Preparo:
Refoge as hérnias numa frigideira com alho e óleo de sua preferência;
Numa tigela, misture todos os demais ingredientes e bata por dois minutos até formar um creme liso e homogêneo;
Adicione as hérnias refogadas ao creme em um recipiente fundo;
Sirva com qualquer tipo de salada.


Comentários:
- Eu já tinha feito antes, mas sem o molho inglês... Ficou uma delícia! Melhor ainda se acrescentar 1 colher de sopa de queijo ralado!
- Essa receita é simplesmente uma delícia! O molho shoyo deixa com um gostinho especial.
- Nossa muito fácil, amei! Realmente com shoyo...!

Esse foi o cúmulo das aulas de Anatomia... Ou seriam alusões ao canibalismo desvairado? ¬¬
Só sei que eu não experimentaria dessa receita em sã consciência. =P

Referência bibliográfica: http://tudogostoso.uol.com.br/receita/2151-molho-rose.html

Mais um non-sense

As estátuas no jardim estão viradas para a Lua.
O balanço solitário balança ao vento frio.
Gotas d'água caem profusamente do céu noturno.
Fugaz e rubro é o perfume da rosa.
Melodias surdas e mudas da noite cantam o amor febrio.
Nuvens dissipando-se no girar da Terra.
É a gangorra da vida oscilando sempre e sempre.

domingo, 19 de outubro de 2008

Frase solta

Vi isso pela manhã em um canal de Portugal que tem na NET, acho que é o 86.
"De que parte da vaca se faz o bife de atum?"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Field to Tomorrow, música de Lunar 2

A melhor música de Lunar 2: Eternal Blue na minha opinião.
Muitos altos e baixos na melodia.

Field to Tomorrow

Quotidiano com "Q"

O gosto cítrico é laranja? Limão?
Cai da cadeira em cima da mesa.
Da tempestade impetuosa dentro do copo saem gotículas que respingam na toalha de renda.
Esse prato de vidro não quebra não?
Quantos vasos sanitários tem na sua casa?
Queria ter deixado o guardanapo do jeito que havia recebido. Branco. Limpo.
"Batatinhas quando nascem se esparramam pelo chão".
E as cebolinhas? Fazem o quê? Provocam o choro?
Esquenta os vegetais na panela de pressão. Fica mais saboroso.
Água, só natural. Gelada de geladeira faz mal para a garganta.
Junk food in my kitchen, teasing me.
Descasca logo essas batatas!
E arranja estômago para engolir essa gororoba!
Muitas formigas mortas e muitas outras vivas subindo pelas paredes.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A garota na praia vazia

Desenho feito em 2005.
Meio esquisito talvez. Tentou representar o bucolismo e a fugacidade do tempo.

A garota na praia vazia

Circo da Babilônia

Senhoras e senhores, o espetáculo irá começar.
Preparem suas mentes e sentidos, seus olhos e ouvidos, pois o show será de horror.
Teremos víbora lunática, teremos gambá sorumbático e um pote de magia negra.
Para completar, uma montanha arcaica de areia movediça com um cacto implantado.
Estejam preparados, será inesquecível.
Terá olho em umbigo, línguas saltitantes e uma diversidade incrível de ervas daninhas.
Palmas, palmas, palmas, por favor!
Nossos artistas merecem todo o louvor, porque são mais que genuínos.
Palmas e mais palmas, que cheguem também as almas mudas para a mágica.
Lesmas flutuando pelo ar fazendo piruetas e mais palhaçadas.
As aranhas venenosas preparando suas teias para o número de equilibrismo.
Palmas e palmadas, malabarismos de estacas, taças de vidro e metralhadoras.
E que o terror da apresentação seja satisfatório para quem nunca viu antes.
Para os que já conhecem, que seja inusitado, engraçado, desafiador.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

AMV de Full Metal Alchemist

Um dia eu assisto o anime por completo.
Por enquanto fico com esse AMV muito do legal.

Música: Phenomenon
Artista: Thousand Foot Krutch

Contraste

Criança jazia...
Tem sede, tem fome!
Criança que come
Tem muita energia.

Escola sem aula
Mais procriação
Mais gente na jaula
Maior confusão.

A Terra implora
Ajudem-me já!
Espera, senhora!
Agora não dá.

Pessoas honestas
Vamos lutar!
Mentes funestas,
Contra-atacar!

Chega de contraste
Entre o justo e o traste

O mundo precisa é se ajudar.

domingo, 12 de outubro de 2008

18 sai

Mais um ano de vida, mais uma vela que será apagada! =D

sábado, 11 de outubro de 2008

Oceano pacífico

Ondas vão, ondas vêm.
Sonhos são idealizados,
Pensamentos refletidos.
Crianças dormem à luz da Lua,
Enquanto o mundo gira sem descansar.

Seria possível,
Uma boa maré
Que cobrisse toda a sujeira
E lacrasse a lama do mundo
No fundo do mar?

Uma onda caridosa
Capaz de trazer a paz afogada
De volta para a terra segura.

Navegar não é simples.
Precisa-se conhecer a língua das estrelas.
Saber que a vida é efêmera.
E que as tempestades podem
Acontecer a qualquer instante.

As ondas vão e vêm.
Limpam as impurezas da Terra.
Entretanto,
O grandioso tesouro das águas
Permanece no fundo do mar,
Pacificamente, esperando

Que venham lhe resgatar.

Guarda-praia na chuva

Chuvisco na praia naquela manhã ensolarada.
O guarda-chuva aberto, fixo na areia molhada, fazia sombra.
A brisa marítima cheirava a ferrugem.
As nuvens gorduchas cobriam o Sol.

A onda veio e... TCHBUM!

Praia no Sol naquele chuvisco matutino.
A chuva fixa molhava a areia guardada aberta na sombra.
O ferro marinho tinha cheiro de brisa.
As gorduchas comiam nuvens a sós.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Subitamente

No escuro do quarto: um alerta!
Que desgraça, esqueceu a porta aberta!
Eles estão invadindo sua casa.
Vieram com tesouras para cortar a sua asa.
Em instantes o mundo vai descobrir a sua farsa.
O povo irá notar a sua extrema falta de graça.
Todos saberão que você também comete enganos.
Seus medos e angustias sairão de trás dos panos.
A encenação medíocre e bela passará a ser vaiada.
O fantasma da sua sombra chamar-se-á alma penada.
Na angústia interior buscará novo perdão.
Não se aflija tanto não.
Sempre haverá alguém disposto a te oferecer proteção.

Novas imagens de "Mortal Kombat vs. DC Universe"

http://jogos.uol.com.br/xbox360/galerias/mkvsdcuniverse.jhtm?gFoto=66

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Meio desprotegido

Uma dor aguda.
Uma dor que não se sente.
Uma dor inconsciente.

Azulejos brancos deprimidos.
Olhos negros e sofridos.
Pomadas, frascos, comprimidos.

É ali que nós vivemos.
É ali que nos cuidamos.
É dali que nós gostamos.

Pena

O som das folhas secas carregadas pelo vento anunciava a proximidade do inverno. Ele estava sempre sozinho em seu quarto concentrado nos estudos. Era interrompido somente por sua avó que anunciava o horário das refeições. Era órfão, praticamente não tinha amigos. Sua família era simplesmente a avó materna.
Suspirou, abriu os olhos. Para onde ela teria ido? O sonho se tornara um pesadelo... Ou seria o contrário? Em sua cabeça dançavam pensamentos, sentimentos e sensações em completa desordem. Ele sentiu pela primeira vez o doce aroma dos pêssegos maduros.
Ergueu-se e apreciou a noite que o cercava. O céu estava claro, quase branco como a neve. Ele não sabia exatamente quais reações bioquímicas estavam ocorrendo em seu interior. Sem perceber, questionou se a ciência poderia definir o que ele estava sentindo. A estranha coloração da noite branda misturou-se com a íris escura de seus olhos. Isso fez ele ver além, perceber um esplêndido mundo novo.
Finalmente voltou a si. Ouviu o som das folhas secas, o frágil canto dos passarinhos e a melodia do vento atravessando uma fresta da janela. Sentiu palavras borbulharem de sua boca como se algo emergisse das profundezas de sua alma. Afinal, o que era a alma? Não sabia definir. O conhecimento da ciência jamais iria responder a essa pergunta.
A barreira havia sido quebrada. O garoto, já homem, ganhava asas e partia para o desconhecido. Deixava uma de suas penas nesse livro. A pena com suas memórias.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

R-espirr-ar

O ar respirado deixando manchas pegajosas nas profundezas do poço escuro.
Que complicação é ter necessidade de respirar esse ar industrial e contaminado.
Seria bom se pudéssemos selecionar cada uma das moléculas de oxigênio que são absorvidas por nossos pulmões.
Se pudéssemos ao menos separar o ar limpo do ruim...
O jeito é inalar de tudo que nos cerca. Seja perfume ou poeira, seja ar puro ou sujeira.
Se tu não respiras, tu não vives de verdade.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Mais uma "mandala"

Mais uma "mandala" criada aleatoriamente.
Chamei-a primeiramente de coração de La Place (não sei o porquê).
Em seguida chamei de coração de Lavoisier, lembrando da célebre frase: "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".
Acho que meu inconsciente buscava alguma denominação em espanhol.
Por fim preferi chamar de:

Corazon desperado

Felicidade

Conto baseado na história de vida de José Filipe Nogueira da Silva, o qual conheci em um vídeo divulgado numa palestra sobre transplantes de órgãos.

Balbuciava palavras e não recebia respostas. A visão parecia lentamente debilitada. Talvez ele estivesse necessitando de mim a partir daquele momento. Não queria partir deixando os amigos que se esforçaram tanto por mim, pela manutenção da minha frágil vida. Entretanto, já era hora. As minhas asas já estavam completamente erguidas e tudo se tornava claro, ofuscava meus sentidos.

A vida no hospital, inicialmente, foi bastante difícil. Remédios, macas, máscaras, seringas, tudo isso me assustava muito. A dor e o sofrimento das pessoas prostradas em camas, muitas sem nenhuma reação, me fazia esquecer as dimensões do meu problema.
Desde que nasci, meus pais foram informados da anomalia em meu pequeno coração. Os médicos sugeriram uma operação naquele mesmo instante, pois a tendência do problema era se tornar mais complicado com o decorrer dos anos. Receosos por mim, com medo de perder o único filho que acabara de nascer, meus pais hesitaram. Um médico, então, passou a acompanhar o meu desenvolvimento.
A noite foi mais longa naquele dia. Simplesmente dormi e não consegui acordar a tempo de ver a aurora dar cor ao mundo. Foi a primeira crise, o aviso do meu corpo de que não poderia suportar aquela situação. Acordei em uma cama de hospital rodeado por médicos e enfermeiros. A operação havia sido bem sucedida, por isso meus pais pareciam felizes. Eu também sentia felicidade, mesmo sem entender muito bem o que estava acontecendo naquele dia. Passei algumas semanas tomando medicamentos e dormindo.
Enquanto me recuperava no hospital, fiz alguns bons amigos. Minha mãe passava todo o tempo comigo, contando histórias, lendo livros, trazendo minhas refeições. Eu gostava de conversar com as pessoas, com outros pacientes. Gostava de poder guardar dentro de mim um pouco da essência dos outros, que viviam dores e problemas tão grandes ou até maiores que o meu sem desanimar.
Numa quarta-feira tive alta e pude voltar para o conforto da minha casa. Não gostava das quartas-feiras, por serem o meio da semana, todavia aquela me fez mudar de idéia. Pude aproveitar mais dias daquela semana graças a ela.
Os anos corriam. Passei a freqüentar uma escola, fiz muitos amigos. Lia muitos livros, sonhava com um mundo paradisíaco. Sofri um pouco ao descobrir que no mundo existem tantos problemas. A fome, a violência, a ganância... Continuava a visitar o hospital uma ou duas vezes por mês. Mal sabia eu que algo demasiadamente grave acontecia.
Mesmo envelhecendo, meu corpo permanecia pequeno, magro, frágil... Minhas pernas eram lentas e curtas e minha respiração era bem difícil. Não gostava de parar para pensar nessa minha condição. Preferia sorrir e seguir em frente, mesmo vagarosamente. Eu era feliz, gostava de saber que tive a oportunidade de viver, de cativar pessoas fantásticas, ter a chance de conhecer tudo e todos que conheci.
Eu queria sorrisos nas pessoas, não queria que sentissem pena pela minha saúde. Fazia o que estava ao meu alcance para melhorar alguma coisa no mundo.
Crises, crises, crises... Meu coração parou. A solução era um transplante.
O hospital, depois dessa triste seqüência periódica, tornou-se o meu novo lar. Máquinas faziam o trabalho do meu coração que já estava fraco, desanimado, quase sem vida. Passei anos na fila de espera por um novo coração, sem nunca desanimar. Eu tinha fé e sabia que conseguiria um novo coração. Nesse tempo escrevi bastante. Escrevi cartas para órgãos públicos, pedindo que melhorassem o atendimento dos hospitais. A vivência no hospital me mostrou o quanto era doloroso para milhares de pessoas esperar por uma consulta.
Meu corpo já estava muito debilitado quando meu novo coração apareceu.
O médico foi direto e afirmou que eu teria mínimas chances de sobrevivência mesmo após o transplante. O corpo já estava muito debilitado, outros órgãos já estavam desfalecendo. Meus pais sofriam, não queriam me perder. Eu estava feliz, tinha confiança. Vivi até ali e faria aquela cirurgia apesar das pequenas chances de sucesso.
Logo antes da cirurgia do transplante, abracei meus pais e pedi para que não ficassem tristes com o que viesse a acontecer. Disse o quanto eu os amava, que a felicidade que eles me proporcionaram era inesgotável e que estaria sempre com eles.
O coração cansado pode descansar finalmente. O novo coração, que eu não sabia de quem havia sido, queria se unir a mim. Era triste saber que alguém tivesse que morrer para salvar minha vida, por isso rezava muito pela pessoa que me salvava e agradecia a Deus.
Na sala de cirurgia, consegui sucesso no transplante. O coração era forte e fazia meu corpo ganhar vitalidade. O coração pulsava valente, todavia outros órgãos demonstravam...
A minha felicidade tornou-se luz. E foi nesse instante que ganhei asas...

“Enquanto eu pensava que a felicidade estava tão longe, que era tão difícil de encontrar, ela estava o tempo inteiro dentro de mim, ao meu redor; foi preciso apenas conversar comigo mesmo, abrir as portas do meu coração e deixá-la entrar”.
José Filipe Nogueira da Silva

domingo, 5 de outubro de 2008

Comentário desprezível

Afazeres? Muitos.
Vontade para fazê-los? Nenhuma, ou melhor, quase nenhuma.

Fome

Plantação, ilusão.
Prisão, solidão.
Coração, salvação.
Votação, destruição.

Comida, bebida.
Vida vendida.
Querida esquecida,
Ferida, detida.

Demência, violência.
Inocência, displicência.
Valência, delinqüência.

Negação, pão, desnutrição.
Criação, tentação, violação.
Explosão, confusão, oração.

Brasil

Verde, azul, amarelo?
Fome, seca, flagelo!
Futebol, eleição?
Violência, Mensalão!

Saúde, educação...
Sanguessugas têm coração?
Segurança. Polícia?
Fogo no pai de família.

Senhoras e senhores,
Índio, branco, negro
Cadê o respeito?

Brasil,
Ordem e progresso?
Que seja um sucesso.

sábado, 4 de outubro de 2008

Avatar dos Simpsons, o filme

Acho que não dava para ficar mais parecido comigo... =D

Trailer de Dragonball, o filme

Não tinha como ser menos estranho...

Frases soltas

"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso."
''O que eu faço, é uma gota no meio de um oceano. Mas sem ela, o oceano será menor."
Madre Teresa de Calcutá

A gente lagartixa

Na garagem havia uma caixa.
Na caixa morava uma lagartixa.
A lagartixa tinha medo da gente.
A gente tinha medo da lagartixa.

Um dia a lagartixa saiu da caixa.
Um dia a gente jogou a caixa no lixo.
A lagartixa ficou desabrigada no frio.
A gente foi para casa sem remorso.

A lagartixa sumiu, foi embora.
A gente ficou na mesmice.
A garagem vazia, sem caixa.
A lagartixa provavelmente sem casa.

Pobre lagartixa, não há como competir com os homens e seu poder de outorgar as coisas.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O salto

Quando vi aquela cena pela primeira vez, senti uma sensação bastante esquisita. Era uma mistura de lembranças felizes com raiva, dor, ignorância.
Ela casara sem se importar com os pequenos defeitos do companheiro. Ele sempre metódico, organizado, responsável, e ela justamente o oposto. Casaram após dois anos de namoro na mesma igreja que os pais dela haviam casado. Estavam muito felizes, ela realizava um sonho. A cerimônia foi bela, a lua-de-mel seria uma semana na Nova Zelândia.
Os dois foram morar em um apartamento amplo, ela queria ter muitos filhos, planejava isso muitos anos antes de conhecer aquele que seria seu marido. A vida deles ia prosseguindo feliz e apaixonada, um sempre apoiando o outro nas dificuldades, até que algo mudasse na vida de ambos.
O amor tornou-se carinho. O carinho passou a ser simplesmente obrigação. Ele não aceitava mais ouvir as opiniões dela. Ela estava desfazendo toda a ordem da vida dele. Então os gritos começaram a soar nas noites cada vez mais nefastas.
Ele, covardemente, passou a feri-la. Palavras doces nunca mais foram ouvidas. Ela começou a ser ignorada, depois xingada. Até que ele partiu para a agressão física. As lágrimas desciam dos olhos dela, não por causa da dor física, mas por amar aquele homem mais do a que si própria.
As feridas foram aumentando progressivamente. Ele passou a beber e ela a tentar agradar, trazer aquele homem do passado para o presente. Entretanto, os desejos dela não puderam ser realizados. O marido havia esquecido o seu rosto. Ele havia se tornado um estranho e nada faria ele voltar para ela.
E, assim, com um salto ela separou o amor do sofrimento.

Corpse

A vela se apagava lentamente. Obstinado, sorria na escuridão fétida enquanto os grilos emitiam sons repetitivos. A poeira miserável carregada pelos ventos fortes do inverno traziam consigo um cobertor de soberba.
Ao Sol, o corpo mostrava a verdadeira forma: um defunto, podre casca e miolo. A magia que emanava de suas entranhas era nefasta o suficiente para atrair uma dúzia de hienas famintas. Seus pés machucavam a terra e desidratavam as plantas, das folhas às raizes. O cosmo das suas idéias buscavam a validação de um abismo com profundidade infinita.
Causando desgraça a si, fazia o bem ou o mal?

Fobia de um alienígena

Estava cansado daqueles sorrisos sínicos. Percebia que os olhares estavam direcionados a mim, mas só extraiam o que há de mais superficial em minha aparência. Os olhos eram todos vazios, sem nenhum tipo de sentimento. As bocas falavam aquilo que agradava, mesmo que fosse a maior das mentiras. Sorrisos que objetivavam exibir dentes brancos, perfeitos na forma, mas cariados por dentro. As orelhas eram sempre atentas, captando todos e quaisquer sopros e ruídos. A vida ali era medíocre.
O crepúsculo anunciava o fim daquele instante de agonia. O instinto de sobrevivência (ou não) dos humanos fazia todos parecerem cruéis. A malícia e maldade havia se apoderado daquela cidade funesta. Era como se o Sol sentisse alívio ao partir daquelas terras, pois sua luz já não iluminava muita coisa por ali. A sombra era mais intensa e mais escura que as negras penas do abutre carniceiro.

Título original: Uma brisa, uma luz (ou um sonho?)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Mais "mandalas"

Mais uma "mandala" em duas versões.

Chafariz da rósea Terra


Chafariz de Montevideu

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mistério da bala resolvido

プロポリス (puroporisu) = própolis.
のど (nodo) = garganta.
あめ (ame) = bala.
のどあめ (nodo ame) = bala para garganta.
プロポリス のどあめ (puroporisu nodo ame) = bala de própolis para garganta.

Pelo gosto não deu para identificar que era própolis...

O mistério da bala japonesa

プロポリス
のどあめ
Kasugai

Um dia ainda descubro o sabor dessa bala...

"Mandalas"

Algumas "mandalas" que fiz, modificadas sem nenhuma qualificação no Adobe Photoshop 7.0.

Anjo peão


Meu boulevard

terça-feira, 30 de setembro de 2008

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sono mundano

Ah, que sono!
Quero dormir e não posso.
Quero dormir e acordar, mas não posso.
Dormir é melhor que acordar.
Dormir é leveza, é sublime, é Sol.
Quem me dera que essa aula de Neuroanatomia acabasse agora.
Quero dormir!
Dorme aluno que o professor vai cobrar toda a matéria que você esqueceu de estudar...
Pô, que sono! Essas fibras aferentes estão sugando minhas energias...

domingo, 28 de setembro de 2008

Espelho invisível

Uma barreira de vidro separava o corpo da alma. Não entendia o que estava acontecendo... Era o fim ou o começo?
Acordou sobressaltado nesse dia. Abriu as cortinas para inalar o ar puro e fresco da manhã. Teve uma vontade súbita de ver o mar, observar as nuvens e fazer aquilo que nunca havia feito.
O garoto sentia ser a última chance, todavia achou mais cômodo permanecer deitado. Os lençóis pareciam algemas que prendiam seus pulsos e tornozelos aos quatro pés da cama. Seu quarto era uma espécie de casulo, que ao invés de desenvolvê-lo sugava lentamente toda a sua vitalidade.
O corpo envelhecia em descompasso com a alma. O garoto estava perdido em uma caverna sem entrada e sem saída. Os dias eram repetidos, não tinham sentimentos.
Dormiu. Perdeu-se nos sonhos. Corpo vazio não precisava de alma. Na cama, imóvel, as lágrimas escorriam de seus olhos. O vidro tornava-se cada vez mais espesso. O garoto não entendia, não sabia pensar.
Balbuciou três palavras: eu quero viver. As cortinas transformaram-se em vento, a cama tornou-se o mar. O quarto vazio encheu-se de luz e amigos.
A metamorfose estava completa. O garoto passou a perceber seu reflexo na barreira de vidro.

Labirinto de vidro

Perdido em um labirinto com milhares de caminhos sombrios.
As paredes são feitas de vidro para que atalhos causem danos cruéis.
É fumando, bebendo, drogando que você encontra a sua paz egoísta?
É perdendo o amor da mulher, o respeito dos filhos, a amizade dos irmãos e acabando lentamente com a sua saúde e de seus pais?
Acordado vive dormindo, enquanto dorme está acordado. Em qual mundo está vivendo? O que você precisa? Castigo? Munição? Ajuda?
Enxergar depende de você.
Mudar é difícil, mas não impossível.
Acorde o corpo, antes que não possa mais salvar sua alma.
A sua sombra é mais real que o reflexo no vidro das paredes desse labirinto.
Tenha cuidado para não esquecer disso em definitivo.
Busque uma saída demoradamente, não perca tempo com atalhos.
Estar disposto a encontrar o caminho de volta para casa é o passo inicial.
Quem procura sempre acha.
E cacos de vidro continuam a ser encontrados no chão frio...

sábado, 27 de setembro de 2008

Kuroi namida

Asu nante konai you nito negatta yoru kazoekirenai
Yume mo ai mo nakushi ame ni utareta mama naiteru, naiteru, naiteru, naiteru

Kasaritsukenai de kono mama no watashi de ikite yukutame
Nani ga hitsuyou
Jibun sae shinjirezu nani wo shinjitara ii no
Kotae wa chikasugite mienai

Kuroi namida nagasu
Watashi ni wa nani mo nakute kanashisugite
Kotoba ni sae nara nakute
Karadajuu ga itami dashite
Taerarenai hitori dewa

Yonaka ni nakitsukarete egaita jibun janai jibun no kao
Yowasa wo kakushita mama egao wo tsukuru no wa yameyou, yameyou, yameyou, yameyou

Kasaritsukenai de ikiteyuku koto wa kono yo de ichiban
MUZUKASHI KOTO?
Anata kara morau nara katachi no nai mono ga ii
Kowareru mono wa mou iranai

Kuroi namida nagashi sakendemo
Shirame kao de ashita wa kite
Onaji itami ni butsukaru
Sonna hibi wo tsuzukeru nara
Tooku kiete shimaitai
Wagamama to wakattemo

Kuroi namida nagasu
Watashi ni wa nani mo nakute kanashisugite
Kotoba ni sae nara nakute
Karadajuu ga itami dashite

Kuroi namida nagashi sakendemo
Shirame kao de ashita wa kite
Onaji itami ni butsukaru
Sonna hibi wo tsuzukeru nara
Tooku kiete shimaitai
Wagamama to wakattemo

Info: Música do anime musical "NANA".
Artista: Anna Tsuchiya inspi'NANA (BLACK STONES).
Fonte: http://www.animeblade.com.br
AMV:

PV (bem engraçado, meio tosco :P):

Transtornos mentais

http://www.psicossomatica-sp.org.br/artigos17.html

http://www.psicosite.com.br/tra/sod/somatoforme.htm

http://www.mentalhelp.com/panico.htm

Falar ou não falar, eis a questão

Devemos ter cuidado com o que falamos para não afetar os outros?
Devemos falar mesmo que sejamos mal-interpretados?
Devemos falar coisas que pareçam bobagens?
Devemos nos arrepender do que falamos?
Devemos, simplesmente, falar?

Podemos ter cuidado com o que falamos para não afetar os outros?
Podemos falar mesmo que sejamos mal-interpretados?
Podemos falar coisas que pareçam bobagens?
Podemos nos arrepender do que falamos?
Podemos, simplesmente, falar?

Ironia do destino

A mulher tatuou um coração flechado em seu peito esquerdo, queria demonstrar seu amor ao marido. Ironicamente, o marido demonstrou seu amor também. Fez no peito da mulher uma tatuagem bem parecida com a que ela já tinha. A diferença foi que ele usou uma faca.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Sorriso atônito

Ter olhos e não enxergar.
Ter boca e sempre calar.
Ter ouvidos e fingir surdez.
Ter nariz e não respirar outra vez.

Discutir para você é arrogância.
É roubar de alguém a sapiência.
É pegar emprestado um livro cativo.
É assassinato sem motivo.

Abra sua boca e fale a verdade.
Abra seu coração e liberte sua severidade.
Abra sua mente e tente entender.
Abra sua alma e passe a crer.

Cai com velocidade um meteorito,
Mais um sorriso atônito e bonito.
Um som estrondoso alertava,
A sua janela nem aberta estava.

Frases soltas

"As verdadeiras amizades são puras, ignoram invejas e exigências".

"Nada existe de permanente a não ser a mudança".

"Um irmão é um amigo dado pela natureza".

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Histologia do baço em HE

Olhando no microscópio College Junior hoje:
Hum... Acho que já entendi esse negócio.
A polpa vermelha é vermelha. Certo?
E a polpa branca... Bom, a polpa branca... É preta!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Tripé

Todos os dias, pela manhã, via a imagem daquele animal melancólico, que desafiava a vida inóspita a qual estava submetido com muita força. Era um cachorro pequeno, jovem, alaranjado, olhar distante, que havia perdido uma de suas pequenas patas, quando, enquanto dormia, um carro o atropelou.
Gostava de observar aquele animal sempre que possível. Ele vivia numa rua humilde e não possuía exatamente um dono. Enfrentava, sozinho, todas as adversidades da vida. Costuma correr, mas depois do acidente passou a andar cautelosamente e a observar melhor o caminho que percorria.
Apelidei o cachorro de Tripé, devido à sua condição física. Costumava observar ele por alguns segundos quando possível. Geralmente ele estava deitado, observando o fluxo dos carros e das pessoas. O cão observava também o comportamento dos outros cachorros, que apesar de serem saudáveis, não tinham a vontade de viver que ele tinha. Ele queria poder correr, ir para bem longe e achar a felicidade em alguma outra parte da Terra.
Um ano após conhecê-lo, percebi que ele parecia mais alegre. Acredito que tenha se acostumado com a sua situação de deficiente físico e percebido que não adiantava sofrer por muito tempo. Ele passou a andar em um ritmo mais acelerado, a latir buscando amigos. Tripé aprendeu a superar as dificuldades e passou a mostrar cada vez mais força e coragem perante os desafios da vida. Descobriu também um novo mundo ao observar melhor o ambiente enquanto andava cuidadosamente. Demorou um certo tempo para ele superar o acidente, porém ele o sobrepujou completamente depois de mais algum tempo.
Há poucos dias, descobri que ele faleceu. Já estava velho e uma família estava cuidando dele. Ele procurou achar sua felicidade e eu sei que conseguiu. Esse animal ensinou que não adianta fazer o sofrimento de uma perda ser maior do que a felicidade de termos vida. Tripé me mostrou que, apesar de todas as dificuldades que possam surgir ou ser vivenciadas por nós diariamente, devemos achar a força que há dentro de nós e notar cada peculiaridade que existe na nossa jornada.

Frases soltas

"Uma alegria compartilhada se transforma em dupla alegria. Uma pena compartilhada, em meia pena".

"Acredite em você, mesmo que mais ninguém acredite".
Filme: Plano de Vôo (2005)

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Caleidoscópio

Noite com chuva
Dia com sol
A dama vestida de branco
Dança, chora, ri.

Eu me vi no espelho,
Esse mundo é assim mesmo
Ou é pura ilusão?

Crianças moram na rua
Cães e gatos também.
Esconde o rosto,
Eles estão vindo!

Cadê você dama branca?
Levanta e mostra o caminho.
A menina absorveu da terra
Dor, rancor, horror.

Ela não pode sozinha.
Eles não deixam a dama emergir
Tingem sua roupa de outras cores,
Geralmente vermelho.

O que fazer?
Deixar o mundo sofrer?
Abra os olhos,
Antes de tudo esquecer.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Quem eu sou

Um bloco de gelo na selva;
Um feixe de partículas alfa;
Um relógio sem ponteiros;
Um conjunto de células;
Um escuro transparente;
Um veneno benevolente;
Um baralho com cinco naipes;
Um peixe fora d'água;
Um rádio sem áudio;
Um televisor bicolor;
Um círculo quadrado;
Um sapato desbotado;
Um planeta distante;
Um telefone sem fio;
Um terror engraçado;
Um deserto abissal;
Um retrato sensato;
Um fruto carmesim;
Um sorriso triste;
Um aquário vazio;
Um floco de neve;
Um grão de areia;
Um céu infinito;
Um odor inodoro;
Um sol noturno;
Um vento breve;
Um limão anil;
Um rio senil;
Um fio vil;
Um til;
~